A REVOLUÇÃO DOS
BICHOS
10 de Setembro de 2007
Quando
o gato cai, consegue se equilibrar sobre as quatro
patas em virtude de seu corpo malemolente formar um
conjunto aerodinâmico predisposto a sair ileso de
quedas e fugir de seus predadores. Com sua esperteza
e visão, não é presa fácil. Daí você não ver gato
estendido no chão, tem sete vidas.
Claro, não é apegado como
o cão, que é fiel a sua dependência ao dono. Se não
é vira-lata, precisa que lhe dêem banho, tosem seus
pêlos, que o levem a passear no início ou final do
dia, o chão quente do verão pode queimar-lhe as
patas, não possui mecanismo de sudorese, a canícula
é o inferno, busca sombra e água fresca - descansar
de quê?
Maior moleza quem quer é
o boi. Choram como bezerros desmamados o leite
derramado que o homem explora e desperdiça no
come-e-dorme da fartura que mata do coração.
Conversa pra boi dormir se a vaca já foi pro brejo e
o churrasco lavou a alma com o sangue pingando na
nossa consciência, que merece um frigorífico dos
infernos até a poeira assentar e voltarmos como
vaquinhas de presépio para pingarmos nossos votos em
currais eleitorais.
O político se debate para
não virar anão e se inspira no gato. O eleitor é o
cão. O boi é a mão-de-obra explorada no etanol que
escraviza. Quando o boi começar a falar, o mundo
vira vegetariano.