ESQUERDA SE
AFUNDA NA CRISE MORAL E ÉTICA
24
de Setembro de 2007
Por que amizades de longa
data se dirigem à ponte que partiu e lá se suicidam?
Enterrando os valores cultivados e instalando um
clima de cisma, que afasta os espíritos
irremediavelmente. Quando todo o passado, por si só,
merece um museu, a título de ser revisitado e
apreciado sob diferentes ângulos, para saber quem é
que tem razão. Se Caim ou Abel.
Depois de 40 anos, o
MPB-4 funde a cuca e quebra a harmonia. Ruy Faria
sai num clima de mágoa, desconsiderado nas decisões
do quarteto, declarando-se voto vencido em todas as
questões de ordem. Já deu muito de si para essa
galera, companheiro deixou de ser o DNA da esquerda,
que perdeu a cor e o rumo: Lula é do povo e não da
esquerda, Chávez é do balacobaco da ditadura e Zé
Dirceu é um lobista da maior qualidade.
É a Roda Viva, grande
sucesso que consagrou o casamento do grupo,
abençoado pela oração poética do Frei Chico, o
Buarque de Holanda. Ruy se sente como quem partiu ou
morreu, o MPB-4 estancou de repente ou foi o mundo,
então, que cresceu. Ruy quis ter voz ativa e no
destino do MPB mandar, foi contra a corrente, até
não poder resistir.
Mas eis que chegou a
roda-viva e carregou o destino pra lá, o cantor
exige 25% sobre o que os dissidentes vierem a
faturar, seja shows ou venda de discos. Roda mundo,
roda-gigante, pois se ajudou a construir a marca
MPB-4. Roda-moinho, roda pião, nessa idade vai ser
muito difícil a subsistência. O tempo rodou num
instante, quer ganhar sem trabalhar; os outrora
companheiros assim o comparam à esposa que pede
pensão do marido ao se desquitar.
O MPB-4 é mais uma
instituição da esquerda que se afunda numa discussão
ética, onde o talento não é suficiente para conter a
deserção de valores morais que mal escondem o pensar
pequeno, o espírito competitivo com o foco
estrábico, a mesquinhez maligna, a prepotência
falida, a hipocrisia que beira a falcatrua. Sem
nenhuma culpa.
A esquerda também cansa.