POR QUE NÃO FOI O
LADRÃO QUE MORREU?
26
de Novembro de 2007
A vida é um passeio para
o ladrão numa bicicleta, sua visão só alcança o
cordão de ouro. Pela orla de Ipanema, passeavam
Giorgio, o pai, a mãe, recém chegados da Itália para
casar seu irmão com uma moça de Minas. Giorgio saiu
em defesa do pai e se embolou com o ladrão, luta
corporal que foi do calçadão para a avenida. O
motorista do ônibus tentou frear, deixando marcas na
pista, mas não conseguiu evitar que passasse por
cima de Giorgio, com bicicleta e tudo - em 18 anos
de direção, o desafortunado nunca havia atropelado
ninguém.
Que injustiça, por que o
bastardo não morreu e conseguiu fugir? Para
desgraçar o casamento do irmão de Giorgio? Para
estraçalhar a família italiana? Para nos contagiar
com toques diários de selvageria e enlouquecer o pai
de Giorgio, que tirou o relógio, pegou a carteira e
atirou na nossa cara, envergonhada com o Brasil,
vociferando: “É dinheiro que vocês querem? Podem
levar tudo que é meu. O Brasil é um país de merda,
levou o que eu tinha de melhor!”.
Pena que Giorgio pensou
diferente do pai. Tarde demais. Não deixou o ladrão
ir embora com uns gramas de ouro, de tão apegados
que somos aos bens materiais, de que nada servem lá
no Plano Espiritual.
Quando puseram os pés fora de casa, nem Giorgio
imaginou que não retornaria à sua querida Itália,
muito menos que esse sujeito perdido no anonimato se
convertesse num agente do Eixo do Mal, tamanho o
rastro de destruição que atingiu a Itália, a
família, um casamento e um motorista de ônibus.