TIA
SILVINHA
21 de Janeiro de 2008
Sílvia, no passado, acumulou. Foi Dona Flor e
seus 3 maridos na Praia do Espelho. Cada um se destacou a seu tempo.
Hippies, foram engrossando o sistema, à medida que mostraram saber
ganhar dinheiro no paraíso onde Cabral aportou.
Calango, o primeiro, lhe deu 3 filhos; foi
quando ela descobriu que a mulher faz o homem e que a família não traz
solução, partindo para ensinar e dirigir um projeto educacional em
Trancoso, rendendo admiração de seus alunos, que perdiam o sotaque
baiano em contato com a mestra.
O segundo, por quem se apaixonou
perdidamente, era o italiano Brandoni, o feio charmoso e solteirão
convicto. Com 7 anos em casas separadas apenas por um córrego, Silvinha
chegou à conclusão que o amor não faz a cabeça, pois se amaram e não se
entenderam. Exceto na culinária, cada um abriu seu
restaurante e a comida da Índia trouxe Sílvia, de novo, à ribalta. Com o
mango chutney traduzindo sua sexualidade.
O terceiro, apesar do apelido, Zé da Velha,
era guapo, mergulhador, toca uma viola de respeito, um artesão que
navega em qualquer onda. Mas Sílvia tornou a Silvinha, pois desacreditou
de marolas e endureceu, embora prosperando sempre, ao revelar nas cores
de almofadas o mesmo talento para tirar os homens do sério.
Corre-se o perigo de, ao se colher muita
experiência, a trajetória dar tombo e ficar com um gosto amargo na boca.
Atraindo sobrinhos para chamá-la de Tia Silvinha, o carinho que a insere
numa família em que pertence a todos.