NO CARNAVAL,
EU SOU A LENDA
28 de
Janeiro de 2008
O Carnaval é uma festa em que
se descansa da caretice do ano todo, na qual somos
obrigados a respeitar uns aos outros, calados, para
depois cair na gandaia e ridicularizar o Zé Dirceu que
vai a Pernambuco para implantar cabelos e a tintura do
cabelo do Ministro Lobão, que o habilita a dançar com os
mutantes do filme “Eu sou a Lenda”.
No Carnaval, despe-se de uma
fantasia e veste-se outra, de gaiato, com caras e bocas,
maquiado para dar um tempo do seu eu mesmo, dividido
entre o trapo que você representa e o bonito e glorioso
que almeja, na tentativa de encarnar “eu sou a lenda” e
renovar ao menos, sob as bênçãos de Momo, a espécie
humana, que não se cansa de brincar com a verdade das
epidemias e desafiar seus limites, enquanto o Carnaval
sempre foi acusado de não respeitar os limites da
sociedade, com seus ares de festa pagã e de sodoma e
gomorra, chegando ao extremo oriente da luxúria de
colocar a classe política na gaiola das loucas e
ganharmos o direito de injuriá-los e à fantasia de que
se investem, tamanho o fedor do gás, o exagero no
petróleo, a falta de educação, a saúde fraca, os furos
na segurança, a natureza morta, o acúmulo nas mentiras,
que implicam no diagnóstico psiquiátrico de que os
políticos não existem de verdade.
São retóricas de ficção que
se tornaram uma caricatura, por anarquizarem nossos
costumes e transformarem a democracia num carnaval, sem
uma quarta-feira de cinzas para pôr um fim. |