IMAGINÁRIO SEXUAL
03 de Outubro de 2005
O imaginário do homem ocidental converge
para o fascínio pela profissão mais antiga do mundo baseado no lema de
quem sabe faz, quem não sabe que vá aprender. Daí enfiarem no mesmo saco
prostituição e infidelidades, manchando a liberdade sexual ora em curso
com suas impressões digitais em amigas de anos, na da turma de rua que
lhe escapou ilesa, clientes ou alunas, a prima do peito, a vizinha e a
cunhada que esperou pacientemente sua vez. No calor de suas andanças,
confundem as estações e misturam alhos com bugalhos no frigir dos ovos
da excitação. O que os aproxima de seus pais e avôs, eméritos
freqüentadores de prostíbulos, na fuga ao sexo caseiro em busca do
nirvana que transcende o orgasmo.
Já o imaginário do homem muçulmano procura não padecer na
decadência da velhice e no ódio pelo mundo ocidental realimentado por
Osama bin Laden, para logo ingressar no paraíso nem que tenha que morrer
como homem-bomba. E viver como um sultão num harém composto
exclusivamente de virgens - ele tem de ser o primeirão de todas. Se não
for virgem, é puta. E puta não entra no seu harém. Faz questão de
ignorar que depois as transformará em suas putas, pois ele é o centro do
universo.
O pensamento é livre, mas a internet está
tornando possível o que o imaginário sonha, pois conecta proxenetas e
carentes em seus casulos na grande feira livre do amor. Explorando a
esperança de incautos que não encontram outra saída. O que implica na
total falta de limites a que chegamos sob o pretexto de alcançar um
prazer até então inexplorado. Os membros dessa rede se identificam
através do idioma do estupro ao abusarem do seu semelhante ou, no
mínimo, arrancarem uma vantagem que equivale a um pedaço da alma. Não se
dão conta de que se violentam numa espiral sem fim cujos lucros
justificam os meios, em que a sexualidade levada ao extremo fere de
morte o espírito.
Enredados na própria rede que tecem, trocam historinhas que
seduzem, para no dia seguinte resultarem insatisfeitos e a quererem
recomeçar imediatamente, pois essa é a essência do desejo. Nos deixar
incompletos para o vício provocar o estrago em naturezas humanas tão
despreparadas, predispondo-as a quebrar tabus, como banalizar o incesto
através da distorção padrasto e enteada, e alcançar o ápice: a
pedofilia.
Como se o balaio composto de prostituição, infidelidade,
estupro, incesto e pedofilia não formasse um conjunto só, cuja essência
é manter-nos escravizados à luxúria do desejo e não conseguir romper a
barreira dos tempos. Aparentemente tão fácil, em se tratando de
imaginário.