MACHISMO
11 de Setembro de 2006
Diante do descalabro de situações a que
assistimos e compartilhamos no dia-a-dia, só nos resta olhar para os
homens sem medo de ser inconveniente ou invasivo.
“As frutas estão docinhas?”, ao que o feirante responde “o
primeiro beijo é doce”.
“Sou mulherengo e não nego. Aos 24 anos, não me
prendo a nenhuma mulher. Quem quiser, tem que me encarar do jeito que eu
sou.” Ao que sua mãe comenta “foi por isso que eu deixei o pai dele
chupando dedo”.
“Pra mim, você é viado”. O garanhão não se faz de rogado “Ah, é
meu filho? Então deixa sua mulher comigo 24 horas para ver se ela volta
pra você!”.
O coroa que procura não ficar à margem na transição dos tempos:
“Me casei com a primeira virgem com quem transei. Acho que por culpa.
Hoje, aprendi a transar e ter prazer com as minhas amigas.”
“Tá, tá, tá... Já sei o que você quer dizer.” Com tamanha
demonstração de superioridade, faz a mulher pensar que o que ela está
falando é uma bobagem. A pior sensação é a de não ser ouvida: a
auto-estima vai pro pé.
Mau humor feminino só pode
ser causado por TPM ou falta de homem. Já o mau humor do homem é concreto e
tem sempre uma causa justificável. O que faz a senadora Heloísa Helena
perder as estribeiras com essa decantada lógica: “homens riquinhos e
ordinários como esses, eu vomito em cima”.
Machismo entre homens. Quando um deles vem com um papo mais
sensível, distante da baixaria, logo os outros sentenciam: “você
deve comer muita mulher com essa conversinha”.
Ser um verdadeiro devoto do corpo feminino e admirar as curvas,
o cabelo, a conformação da boca, os seios, a barriguinha de fora.
Apreciar a perna que briga com a saia para insinuar a coxa e mostrar
seu volume. Preocupar-se em quantas mulheres comeu durante a vida,
quantas realizou sexualmente, fazendo-as se sentirem desejadas,
únicas, deusas, na cama e na vida. O exagerado senso de orgulho
masculino com a virilidade agressiva.
Contudo, o homem sensível penetra não só no corpo, mas na
personalidade, seduzindo-a com a dimensão de uma poesia. Penetra em
seu universo não para mantê-las sob controle e sim para libertá-las,
gozando de sua insuperável autonomia quando livre de pressões.
Precisa ser macho de verdade para alcançar tamanho êxtase.