FALTA
APRESENTAR O HOMEM À MULHER
10 de Março de 2008
Nem putas, nem submissas. Mulheres trocando
de papéis, com uma facilidade com que se troca fraldas. Falta apresentar
o homem a essa mulher. O que enraiveceu Cupido, atingindo-os com duas
flechas, uma para atrair o amor e outra para afastá-lo. Em retaliação,
por serem incapazes de ceder o seu poder pessoal em favor de pensar a
dois, tamanho os picos na veia de individualidade com que se viciaram.
Transfere-se a culpa com a facilidade com que se paga com cartão de
crédito. Todos reconhecem que há erros a serem corrigidos, mas como e
quem dará o primeiro passo? Mesmo em nome do amor.
Provoca enxaqueca e enjôo, caso não sejam os
vermes que já degustam antecipadamente os miolos do cérebro, que
entregou os pontos e deixou de sonhar com a utopia do amor eterno. O
desejo de viver o amor mais sublime, com a chama da união sempre acesa.
Não conseguimos vencer a estúpida realidade
de relações possessivas, destemperadas, geniosas e infantis, que nos fazem
sentir como ratos enjaulados, cobaias de um grande experimento em busca
do elo perdido com a magia, o lirismo e a pureza.
Também pudera, se não nos livramos do
impasse, ou bem se aceita, traduzido como se submete, ou bem se impõe,
traduzido como se predomina. Não se pode simplesmente amar, sem maiores
complicações. O mundo ficou mais inteligente e complexo,
onde se analisa a mais leve intenção e se retira da espontaneidade o
caráter de sinalizar por onde o verdadeiro amor se insinua. Pois o amor
já não se expressa por mal traçadas linhas, sequer no idioma, há que
procurá-lo nas entrelinhas, no til, no acento, na crase, nos símbolos,
para encontrá-lo na pele, no suspiro, no transpirar e ofegar, a sua
verdadeira palavra.
Afinal de contas, Romeu e Julieta tiveram que
morrer para se transformarem na utopia do amor eterno, e só uma terapia
de vidas passadas para revertê-lo à verdadeira dimensão de um hino em
louvor à loucura com que nos submete, despacha o bom senso, interfere na
vida privada, desfolha a margarida, até acordá-lo do sonho e vê-lo do
seu lado, o amor que tanto busca.
Eterno enquanto amadurece, no dilema
de não deixar apodrecê-lo, pois até as plantas exigem que conversemos
com elas para não pegarem fungo e morrerem de falta de amor. Sem maiores
explicações.