CARMA
25 de Junho de 2007
Há que encarar e aceitar
nossos pais tal como eles são e não como queríamos.
Mesmo porque há mais do pai e da mãe em nós do que
admitimos. Há que perdoar os pais e apagar os
rastros da mágoa. Mas, como? O que importa é deixar
de ser filho e passar a ser pai de si mesmo. Se
adotar, assumindo a própria paternidade,
libertando-se da intolerância com as absurdas
imperfeições que habitam pai e mãe, herdadas por
nós. Como se tivéssemos um mandato divino que nos
confere o maior grau de virtude a que alguém pode
chegar.
Para que não repita os
mesmos atos que sempre julgou abomináveis nos seus
pais, se tornando prisioneiro de si mesmo e exigindo
dos outros o que de fato exige deles, é necessário
abandonar esse status ridículo de filho que ainda
culpa os pais pelos seus fracassos.
Há um tempo em que a
gente se irrita com conselhos enlouquecedoramente
certos. Ainda mais quando preveniam sobre os que
estavam em falta e desapareceram, pois mostrarão
suas faces como visitantes inesperados. Na
encruzilhada da juventude, optou pela contramão. Mas
chega a idade do balanço, em que é preciso hibernar
e descobrir que não há mais nenhum guerreiro,
hipocrisia ou monstro com quem duelar. É hora de
centrar a cabeça, depor as armas e ficar do lado de
quem a gente gosta e se afastar de quem não nos ama.
É preciso aprender a ser só no limite da
resistência, senão atraímos cobras, escorpiões e
ratazanas. Que nos rejeitam. São os céticos e
amargos, que deixaram matar dentro de si aquela
criança linda e ingênua, cheia de esperança.
Somos o resultado do
acúmulo de experiências de milhões de anos passados
depositadas como sementes na consciência. Esse é o
nosso carma, não o nosso destino. O verdadeiro fim é
mudar o destino com a nossa prática. Não se pode
ficar apegado a um castelo que irá desmoronar, se
insistir no medo de mudar. O que arquitetamos hoje é
a casa em que iremos morar amanhã. Não adianta
alegar que não sabe o que faz ou que não pratica o
mal, o carma está criado e a responsabilidade é de
vossa magnitude.
Carma não é penitência, para tão-somente ficar
expiando os pecados de outras vidas.