ECTOPLASMA
Série Espiritualidade
29 de Outubro de 2007
Quantas vezes alguém vira o
rosto fingindo que não o vê? Olham para você e não o
reconhecem. Não é que virem as costas, mas se eximem de
mirá-lo de frente. Ninguém se oferece para descobrir o
que está acontecendo com você. Ninguém quer dar um passo
nesse sentido. A angústia em descobrir o que fazer os
desvia de seu rumo. É nesse momento que sua cabeça gira
e multiplica-os ao infinito.
Você parece um ectoplasma,
esbranquiçado, assumindo uma grande variedade de formas
que se deformam constantemente, emanado de si mesmo, em
transe mediúnico. Vaporoso e diáfano, vago e impreciso,
tangível porque médium e espírito manifestante se
afinam, agem em união de forças, dependendo um do outro.
Um dos dois sozinho não poderia gerar o fenômeno. Uma
combinação de fluidos que não causa estranheza. Somos
emissores ou receptores em maior ou menor proporção,
lançamos a imagem, o pensamento ou símbolo para que o
receptor capte.
A pressão do temor de se
conviver com o espiritual é que, uma vez que você invade
o mundo dos espíritos, também eles podem invadir o seu.
Nós não nos lembramos das
vidas passadas, e é aí que reside a sabedoria. Se
lembrássemos do mal que fizemos ou dos sofrimentos pelos
quais passamos, dos inimigos que nos prejudicaram, ou
daqueles a quem sabotamos, não teríamos condições de
viver entre eles atualmente. A impressão que temos de
algumas pessoas que se aproximam é que são nossas
inimigas. Temos que aproveitar a chance e desfazer, no
íntimo, as reminiscências de vidas passadas.
Sucede que, saindo de sua
redoma, os contornos dos seres inanimados que nos
cerceiam tornam-se mais vívidos. Impelindo-nos a
vencê-los. E se a energia não fluir para escapar, ela
irá funcionar como se um rato estivesse dentro de nós, a
nos comer por dentro porque não encontra uma saída. A
essa energia assim represada damos o nome de câncer, que
se manifesta de diversas maneiras ectoplásmicas a
verificar se o afeto foi desviado para longe do remanso
onde costumava se deitar para se reproduzir.
|