TER FILHOS?
10 de
Dezembro de 2007
A questão não é querer ou não
querer ter filho. É de ter ou não uma criança presente
em sua vida, que cresce a olhos vistos no contexto do
verdadeiro casamento indissolúvel entre pais e filhos.
Porque filho é uma questão de, se você quer ter, que
tenha, o problema é seu. Agora, se você não quer de
verdade, é de bom-tom que não tenha mesmo, porque se não
estiver preparado para a convivência, a rejeição ficará
plasmada na retina infantil.
- Só gosto de criança até os
três anos porque elas são umas gracinhas, tão puras e
ingênuas. Ainda não pensam para dizer coisas malcriadas
e grosseiras, comuns em crianças que crescem se
especializando na malícia para magoar os pais. Se
pudesse, no aniversário de três anos, eu a entregava e
pegava um recém-nascido para começar tudo de novo -
palavras de uma mãe saudosa de seu filho quando
pimpolho.
De que adianta ter filhos
para sentir calafrios com o seu crescer e pensar que a
cada dia escapam de seu controle, a tal ponto de ficarem
maquinando pesada interferência no destino dos pais,
principalmente se mostrarem ser espíritos livres?
Próprio de quem não quer e
não aceita o crescimento de outrem. Querem criar filhos
conformados e aptos a aceitar a indiferença dos outros.
- Só gosto de criança na
adolescência, mesmo assim quando já pode tomar conta de
seu nariz e, portanto, não é mais criança, já é adulto.
Quando não enche mais a paciência dos pais,
lembrando-lhes sempre os erros cometidos na sua
educação. Nenhum pai suporta filho buzinando nos ouvidos
suas omissões. É mortal a obrigação de pai e mãe estarem
sempre presentes a fim de que não produzam um
desajustado. É uma navalha na carótida lembrando a todo
momento esse encargo para o resto da vida, mesmo porque
o insensato pode gerar netos. Quando o adolescente deixa
de ser criança, abandonando suas esquisitices e
extravagâncias com seus ataques de querer-saber-tudo, e
conquista auto-estima para ganhar autonomia de vôo na
defesa de seus pontos de vista, passa a ser um
interlocutor à altura - palavras de um pai sem vocação.
O ideal é o filho se
transformar, o quanto antes, num adulto do seu tope,
para não ter que aturar tolices de criança. Não querem
agüentar a chatice de criarem filhos, querem-nos
prontos, iguais a eles.
Projeto de quem não quer e
não aceita o crescimento de outrem.
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