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A QUEDA

É bastante comum o ser humano ir ao chão. Seja tropeçando no piso de calçadas malcuidadas ou escorregando de escadas, cujos degraus se encontram desalinhados. Ou mesmo fruto de um desmaio, quando tudo se apaga e, ao abrir os olhos, lá está o corpo estendido no chão! Menos mal que ainda pode gritar por socorro, ter forças para esmurrar o armário ao lado, mas não consegue se levantar e chora de impotência. Será porque a idade chegou? Joelho, coluna ou quadril? Fisioterapia, exercícios e uma infinidade de recomendações! Contudo, e se à queda sobrevir sangue? Derramado no chão e empapando os cabelos e a camisola. A exigir exames minuciosos da cabeça e dos nervos. E do espectro mental, se fosse possível.
Se nada for descoberto, não esconda o que a está incomodando. Trará maiores consequências se não conseguir pôr para fora o que tanto a insatisfaz. Por vezes, precisamos levar esses puxões da vida para despertarmos e agir. O ser adulto ao longo do percurso desfaz pouco a pouco as ilusões que preencheram sua alma. O processo de espiritualização mostra-se exaustivo para uns, dias havendo em que o peso parece insuportável.
Mas a ponto de atrair uma queda para acordar? Ou seria preciso uma enfermidade? Ou mais de uma – até incurável? Isso sim, é insuportável, moral, físico e espiritualmente. Você não é feliz se a aparência ou o perfil de vida que adotou não lhe agrada! Mesmo com todos os recursos e aparelhagem que hoje dispomos. Não adianta invocar o dinheiro, pois não traz felicidade. Como todos já sabemos! Só não admitimos para não dar o braço a torcer.
Já houve um tempo em que conquistadores, navegantes ou aventureiros, no encalço de ouro, prata e demais pedras preciosas, saíam em busca da fonte da juventude. Para rejuvenescer e começar tudo de novo. Como se a mente pudesse passar por uma lavagem cerebral que a livrasse de seus tropeços, escorregões e falta de perspectivas.
Há também o caso dos que se fingem de mortos perante a vida, vivem como se nada buscassem, completamente integrados à rotina de sua existência, embora exercendo seu papel de homem maduro, seja pai ou avô ou nada.
Por isso, há que despertá-los com uma queda. Uma, duas, três. No fundo, não têm coragem para dissertar sobre um novo envoltório ou um outro mundo que não esse, para obrigatoriamente abordar a reencarnação ou se antecipar aos fatos dispondo do livre-arbítrio ainda nessa encarnação, pondo seu espírito em marcha o quanto antes, para escapar de uma nova queda.

Antonio Carlos Gaio:
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