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CONDUTA AUDACIOSA

Só pode ser louco varrido, sendo primogênito de um dos fundadores do Hamas que controla a Faixa de Gaza com mão de ferro, se converter ao cristianismo e fugir do território palestino, autoexilando-se nos Estados Unidos ao admitir ser informante do aparelho de segurança de Israel.
É Mosab Hassan Yousef, de 34 anos, autor da autobiografia “Filho do Hamas”, na qual desvenda segredos do movimento islâmico. Desfia ideias sobre como o Islã não prega a paz – é uma religião de guerra. O Islã se protege há 1.400 anos por trás do isolamento e do controle absoluto das vidas de seus fiéis. Aproveita-se da ignorância de seus cidadãos para manietá-los.
Yousef regressou à Terra Prometida depois de cinco anos de autoexílio necessários por ter ajudado a prevenir dezenas de atentados terroristas contra a integridade de Israel suprindo a Mossad de informações preciosas, que levaram sua mãe a não mais considerá-lo seu filho e seu pai a deserdá-lo.
O Príncipe Verde (numa alusão à cor usada pelo Hamas) a tudo e a todos entende, perdoando-os, aceitando ser uma vergonha no conceito de seus pais. Já que suas ideias são encaradas como traição e passíveis de pôr em risco sua plenitude, ainda mais que anunciou que é chegada a hora de expor a vida de Maomé num seriado de TV e acabar com sua imagem idealizada e eivada de moralismo ortodoxo, revelando uma faceta mais humana do profeta do Islã.
O que demonstra já estar inteiramente sob o domínio da influência cristã e liberal dos americanos. Quer realizar um filme como tantos tentaram sobre Jesus Cristo e não conseguiram. Para pôr fim à intolerância, mentora da perseguição a quem ousa fazer caricaturas sobre Maomé. Se todos os líderes religiosos já foram visitados, por que não o intocável Maomé? 
Que farão os muçulmanos diante de tamanha audácia debaixo de seu nariz? Aplicar-lhe-ão a lei da Sharia, onde tudo é religioso e baseado nas escrituras sagradas do Corão, cuja moderna interpretação o condenaria à morte? Ou será mais conveniente mantê-lo vivo e torná-lo um agente duplo como nos tempos da Guerra Fria? De tanto tentarem manipulá-lo, seja de um lado ou de outro, o risco é enorme de Mosab Hassan Yousef se converter numa unidade pacificadora para promover a paz na comunidade judeu-palestina. A disputa se extingue quando ela se esvazia.
Antonio Carlos Gaio:
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