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EM NOME DE ALÁ, GAY NÃO EXISTE

O presidente Ahmadinejad afirma que não existem homossexuais no Irã. Mas se precisam cobrir o corpo com tanto pano é porque necessitam esconder algo que não pode ser exibido. Se proteger da imoralidade, para não cometer uma indecência. Frear o inevitável desejo, baixado pelo Alcorão, seja pela frente ou por trás. De onde vier, existe o perigo. De ceder à tentação. De dar para receber. O que tanto faz falta. Com que tanto sonha. O melhor presente do mundo, que fará ficar de quatro o mais fiel dos infiéis. Mas se os homens decidem entre si o destino dos muçulmanos e excluem as mulheres, estão fazendo pouco caso do inimigo, que não pede licença para entrar em casa e arromba, toma de assalto a fortaleza mais inexpugnável. Se não há cristão que agüente, por que acreditar que são iguais aos sertanejos? Antes de tudo, um forte. Vão ter que provar. Na mão, calejada de tantas batalhas em que viram estrelas, ao serem humilhados pelo invasor que não reconhece seu território e… estupra. As suas convicções, o seu berço virgem de demoníacas influências, inundando o paraíso babilônico com sangue disfarçado de leite para enganar mentes ingênuas, simplórias e despreparadas para enfrentar o rolo compressor gay.
Os árabes simplesmente degolam os traidores do fundamentalismo machista.
Não estão interessados na troca de papéis no casamento, sem correlacionar o que é atributo feminino ou masculino e ignoram o avanço que a mulher sofreu para se libertar da dependência do macho ocidental ou oriental. Pois restam, ainda, bilhões de trogloditas heteros criados para ser de um jeito e que insistem em não querer mover uma palha, enquanto o planeta gira no sentido contrário. A rejeição ao pouco que oferecem é encarada como uma ofensa, tornam-se desajustados que serão suplantados pelas mulheres e que os derrubarão do poder por abusarem de brincar de gato e rato para fazer a guerra e se mostrarem homenzinhos. Quando virarem frutas que caíram do galho, aparecerão gays de todos os cantos para colhê-las e comê-las, só restando relaxar e gozar.
A reiterada ênfase na negação do meridiano gay, como canal de energia, só realça a contradição dos homens unidos jamais serão vencidos, pois caminham de mãos dadas e se saúdam beijando na face, à procura de seu destino: de cair, inexoravelmente, nos braços de Morfeu, que os revestirá de sonhos coloridos e os libertará do transe hipnótico que remonta ao regime patriarcal, com toda sua carga genética.
Ainda não descobriram que tem pai que é cego.

Antonio Carlos Gaio:
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