Não se esperava que fosse morrer tanta gente, em 28 de outubro de 2025, numa megaoperação realizada pelo BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais) para sufocar o QG do Comando Vermelho e coibir a criminalidade no Complexo do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. Morreram 4 policiais e 117 marginais, destes, 78 tinham histórico criminal grave (predominando homicídio e tráfico de drogas) e 54 eram de outros estados.
Essa foi uma realidade, a que se deve agregar outra. A estratégia de penetrar a comunidade adentro, com todos os moradores fechando as portas e janelas, foi a de empurrar os bandidos em direção à mata nos fundos do quintal do complexo. Lá chegando, eles foram encurralados pelas forças do BOPE, que já os estavam esperando.
Não foram fornecidas maiores informações sobre o método como liquidaram os traficantes. Só se sabe de um caso de degola. É certo que as câmeras corporais não foram acionadas, senão as imagens já teriam sido divulgadas. Armas nas mãos de mortos foram roubadas pelos moradores antes da chegada da perícia. Outros moradores preferiram levar os corpos de seus familiares, para exibi-los na via principal, antes de serem identificados no Instituto Médico-Legal, em cena dantesca. Sem perspectiva de futuro e sem conseguir lugar no mercado de trabalho, foram arrebanhados pelo discurso do lucro fácil e explorados pelos patrões do mundo do crime. Fazendo com que uma mãe externasse: “o que mais me entristece é que ele morreu para defender o crime, não foi pela mãe, por um irmão ou pelos filhos”. Um pai dissesse: “já era um homem, e respondia pelas próprias escolhas, não entendo o porquê desse caminho”. Uma filha reclamou de seu pai, jogado no mato como se fosse um lixo de gente.
58% da população do Rio de Janeiro considerou a operação “um sucesso” e o percentual de aprovação do Governador Castro aumentou. Nada como estar em sintonia com Israel massacrando os palestinos na Faixa de Gaza. Nada como estar em sintonia com Trump humilhando e deportando os imigrantes, nos equivalendo ao El Salvador de Bukele, regime de presídios de segurança máxima. Nada como ser fiel a um Bolsonaro, golpista e ladrão de joias, negacionista que prefere morrer de soluço a se aplicar com vacina.
Povo sem memória, sem tutano, sem juízo! Para não dizer sem visão ou sem nenhuma perspectiva do amanhã! Dando voltas em torno de si mesmo sem parar e não conseguindo sair do lugar. Patina, patina e escorrega para dar com os burros no chão! Atribui-se à falta de inteligência ou ao desconhecimento total de História. Melhor recorrermos a quem estudou esse assunto com profundidade, em 1928: Mário de Andrade, em Macunaíma.
É falta de caráter!