A polarização política vem atingindo em cheio o espírito de confraternização que deve imperar no Natal. Ou reinar? Ou predominar? Se deixar para ser naturalmente, o incentivo do peru de Natal, do presunto tender, da farofa onde as passas sobressaem, das castanhas, das tâmaras, do panetone, das rabanadas, das cerejas, dos vinhos, só engordam e pouco ajudam a amenizar os ânimos.
Porquanto se descobriu que a confraternização não tem solução, com a falta de educação e compostura em processo de crescimento, por conta da polarização política, que alcançou níveis que enrubesceriam nossos ancestrais.
Trocar ideias com pessoas sem noção, mesmo no Natal, é tarefa inglória. Não sacam nada do que você está falando, mas atarraxam uma máscara de que estão acompanhando tudo. Seu raciocínio é sem pé nem cabeça e o seu ideário político equivale a uma sessão de torturas, pois não têm dó nem piedade de te massacrar com tamanhos disparates.
Procuram se identificar como conservadores para amainar o gosto do veneno com que destilam sua identidade com o fascismo e a segurança do cidadão, como se eles não fossem os verdadeiros ladrões e golpistas que tentam sufocar a democracia.
Como dividir a mesa de Natal com quem perdeu todo sentido de realidade sobre o que é correto e o que é errado? Se, com sua moralidade abjeta, já alcançou o fundo do poço. E você não aguenta mais lidar com pessoas tóxicas.
Como manter a dignidade que as festividades natalinas exigem, se todos devemos ser irmãos? E não por um dia apenas! Beber não adianta e a situação pouco progride. Mudar de país não resolve, se são eles é que têm de sair para a Terra dos Patetas. Ou então criar seu próprio reino, bem ajustado à sua mentalidade.
A Humanidade não consegue se encontrar em sua identidade, em suas opções manifestas, nos seus desejos e consequentes acasalamentos, em sua maternidade e paternidade, na sua empáfia, soberba e se achar mais do que os seus iguais. Então, como construir um mundo composto só de irmãos afinados com a boa-vontade, o bem-querer e o respeito ao próximo?
Se nos recolhemos no Natal a reproduzir essa reflexão ad eternum, cuja imagem fiel corresponde à Sísifo, figura mitológica grega, empurrando um pedregulho morro acima, de modo a, quando alcançar o cume, ingressar em Outro Mundo, onde lá encontrará a utopia que vinha buscando há milênios. Mas se não estiver preparado, o pedregulho se desprenderá de suas mãos e rolará ladeira abaixo, se desfazendo em mil pedaços. Terá de começar tudo de novo, ad eternum, pois é a sua encarnação que está em jogo. Até compreender melhor essa parábola e como tudo deve funcionar.
Feliz Natal!