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PERDA DE CONTATO

Não culpe as pessoas por desapontarem você. Você foi quem criou expectativas demais sobre até onde elas poderiam ir. Quando elas estão sujeitas a seus limites, assim como você, também, com todo o seu perfeccionismo. Além do que podem falhar, se equivocar no meio do percurso. Ou mesmo trocar de objetivos, não mais querendo aquilo a que se propuseram com raro entusiasmo. Tendo se enganado a si próprias, fugido às suas responsabilidades, sido levianas, em suma, não fazer jus a pôr seu destino em suas mãos.
Culpe a si mesmo por esperar demais delas. Se você vai descobrir ao final da ilusão que não foi nada do que imaginava que fosse. Você fez um juízo exageradamente otimista e, portanto, irrealista, pautado pelos seus desejos, quimeras que não resistem à primeira chuva, para logo se dissolverem.
É muito comum ver o segredo revelado de quem nós somos de verdade para nos certificarmos que foi bom tudo ter acabado, pois o afastamento ratifica que era chegado o fim do ciclo de uma amizade ou amor, por mais estranho que pareça se confrontado com os laços tecidos ao longo dos anos.
Porque deixa-se de ver, perde-se o contato, não se tem mais notícia, nunca mais se ouve falar de quem já foi tão próximo. Equivale à morte, ao desaparecimento – estranhíssima essa separação de espíritos. Para tão longe vão que impossibilita o resgate nessa vida.

Antonio Carlos Gaio:
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