Milton (1608-1674) é um poeta inglês que escreveu 4 tratados sobre o divórcio argumentando que a verdadeira base do casamento é o companheirismo e não a indissolubilidade do matrimônio. A incompatibilidade de temperamentos ou de gênios é uma razão maior para o divórcio do que o adultério. Antes procurar outro parceiro em busca do amor verdadeiro do que trair sem o menor pudor. Madame de La Fayette (1634-1693), uma das anfitriãs mais famosas da aristocracia francesa, transformou em tema de seus romances a incompatibilidade entre casamento e o amor verdadeiro. As mulheres são reais heroínas de seu próprio tempo que, ao se aperceberem ameaçadas por enredos de sedução e intriga, não têm outra alternativa para manterem sua virtude intacta: abandonam a corte e restam sozinhas seus últimos anos – para não serem exploradas pelos homens. Embora seiscentistas, Milton e Madame de La Fayette abordam o amor com perspectivas diferentes: o homem no encalço do verdadeiro amor calcado na separação e a mulher descrente da realização no amor.