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CAPÍTULO 2 – A ACUSAÇÃO É CÓPIA DA CPI DO MENSALÃO

Roberto Gurgel decepcionou com sua peça acusatória depois de anos a fio de investigação pela Procuradoria (desde 2005), ao confessar que não tem provas materiais que comprovem a denúncia e de ter se valido de depoimentos para fechar a novela do mensalão, especialmente os de Roberto Jefferson e Marcos Valério, que não merecem o menor crédito. O ideal, se Gurgel fosse competente, teria sido arrancar dos mesmos uma delação premiada. O que mais transpareceu da leitura era que os fatos arrolados não nos eram estranhos: uma cópia fiel da investigação levada a efeito pela CPI do Mensalão, com muita competência. Não trouxe nada de novo ao que já se sabia, exceto o tom sarcástico e ferino com que Gurgel acusou, transparecendo ressentimento com os réus, o que irá facilitar o trabalho da defesa, pois é sempre bom lembrar que já estamos em fase de julgamento e a vontade de condenar não pode ficar subordinada à subjetividade e achismos, para dar lugar ao escrutínio da corte suprema. Tarefa que se tornou difícil com as provas levantadas pelo Gurgel, que preferiu concentrar suas baterias em José Dirceu, o primeiro a ser julgado, e enfatizando a formação de quadrilha. Desprezando a tese do caixa 2. O primeiro abacaxi a ser descascado pelos juízes. A não condenação de José Dirceu implica no esvaziamento do julgamento do mensalão. Gurgel jogou todas as suas fichas nessa tese.
Antonio Carlos Gaio:

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