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CEREBELO

Por que o Brasil atingiu esse ponto talibã de ignorância? O Emirado Islâmico do Afeganistão, recém-criado, seria aqui? Se há afinidades quanto ao negacionismo, ao armamentismo, ao uso da religião para se assestar no poder (pastores em igual ação à dos mulás), abusando da boa-fé dos crentes, e contrários à vacinação contra a Covid e ao uso da máscara. Lá não tem Supremo Tribunal Federal nem Congresso, nem muito menos urnas eletrônicas, sequer pensar em direitos humanos, e explodem com a cultura e arte que registram a história do Afeganistão. Por que o Brasil está precisando passar por essa política de terra arrasada com a eleição de Bolsonaro? O que o Brasil fez para merecer tamanho desleixo e incúria? Que carma teremos de resgatar para vencer o que deixamos para trás e julgamos necessário mudar? Ou apenas saber se equilibrar na corda bamba para testar nossa sabedoria? Por que tantas ameaças à democracia e aos poderes constituídos? Para as instituições se mostrarem à altura e se imporem como maestrinas da evolução política? Por que os pobres ainda demonstram inapetência para conduzir seus destinos? Por falta de união? Por que a alardeada mentira de que os militares constituem o quarto poder ou o poder moderador da República e isso ainda nos mete medo e preocupa, se a Constituição é que exerce o papel magno? Por que a mentira, a falsidade e a farsa se impuseram através do voto? Apesar da histriônica trupe de artistas no poder, montada em suas motocicletas, a propiciar shows de segunda categoria que só justificariam uma rejeição ampla, geral e irrestrita. Por que ainda somos um país de natureza colonialista, escravagista, preconceituosa, racista, misógina e homofóbica? Ainda condizente com o nosso passado. Quando essa avalanche de maus costumes despejada pelo Bolsonaro e seu exército for detida, o que será do povo brasileiro? O seu maior responsável. Não bastará só mudar o voto ou a concepção em que se inspirou. Se votou para mudar em 2018 o estado de coisas que vigia desde o início do século e, em 2022, sinaliza que voltará ao que negou, rejeitou, desprezou. Não vai ser fácil para se explicar, parecendo arrependimento ou típico de cerebelo.

Antonio Carlos Gaio:
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