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COM UM PEZINHO NO IRAQUE

Mesmo vivendo no país dos absurdos, a gente não se acostuma. A turma não dá sossego. No primeiro ato, o mensalão. No segundo, os sanguessugas. No terceiro, os advogados a soldo do tráfico de drogas em São Paulo para garantir informações privilegiadas indispensáveis às ações terroristas dentro e fora dos presídios. Peças importantes na onda de assassinatos de agentes da lei e de ataques contra o patrimônio público e privado com o objetivo de impedir a transferência de líderes do crime organizado para penitenciárias de segurança máxima. Com seu preparo acadêmico, sabem tirar proveito das falhas do sistema legal e penitenciário. São competentes no que almejam alcançar: a riqueza fácil.
Ao gozarem do privilégio de não serem submetidos a revista na entrada dos presídios, quando hoje o cidadão comum é palmeado nos aeroportos e posto em dúvida ao entrar em bancos, os advogados assistem a cúpula atrás da grade no recrutamento de endividados com o tráfico, que têm suas condenações à morte perdoadas em troca do assassinato de agentes penitenciários. O que não impede os doutores de acender uma vela para Deus e outra para o diabo ao entregarem esses mesmos nomes à polícia como responsáveis pela matança.
Considerando-se que a população carcerária de São Paulo ultrapassa 150 mil pessoas, é um negócio em franca ascensão e de infinitas possibilidades. Colocando a sociedade em xeque se compensa sustentar uma malta que vai de Marcola a Suzane von Richthofen em presídios construídos especialmente para eles, desviando da educação recursos necessários para evitar que jovens trilhem a senda do crime. Ou continuar a tratá-los como animais acumulados em depósitos de presos e lidar com uma reação inspirada nos atentados que ocorrem diariamente no Iraque.
“O mundo não precisa de um salvador”, afirma Lois Lane, cansada de esperar pelo retorno de Superman.

Antonio Carlos Gaio:
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