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DESINFORMAÇÃO É A IGNORÂNCIA QUE ATRAVANCA O PROGRESSO

A repressão da ditadura militar não mirava somente a liderança política, mas também quem tinha proeminência no meio acadêmico. A Ciência na ditadura contabiliza 471 cientistas, professores e alunos de pós-graduação que tiveram suas carreiras prejudicadas. Não apenas nas ciências sociais, desde aposentadoria compulsória até prisão ou assassinatos – a Faculdade de Medicina da USP foi dizimada. Havia ainda quem fosse barrado informalmente por institutos de pesquisa ou universidades. Por conta desta “cassação branca”, cientistas não conseguiram bolsas, ou passavam em concursos mas não eram chamados – repressão difícil de identificar. O mais torpe da ditadura foi abrir caminho para que outros professores invejosos e vermes perseguissem quem se destacava. Um tempo perdido. Uma geração de cabeças inteligentes destruída. Uma elite intelectual que se foi. Trágico do ponto de vista científico porque os grupos de pesquisa foram todos desmantelados, provocando a dispersão de alunos e a diáspora de professores rumo ao exterior. Um prejuízo tremendo para o Brasil por conta da caça às bruxas. Muitos não queriam sair do Brasil, mas alguns acabaram sendo reconhecidos lá fora. Menos pelos brasileiros que aqui permaneceram sob o manto da censura, os confortáveis na acomodação de não sentir o mais leve incômodo com sua consciência crítica preguiçosa. Até vir a democracia do sapo barbudo e essa consciência crítica despertar, revelando-se desinformada, sem pé nem cabeça, ao mostrar-se saudosa do tempo que mandava.
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Antonio Carlos Gaio:
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