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ECO DO OCO

esse meu corpo rouco
que te arranha
nessa tal manha
de louco
não perdeu a voz
não está surdo, tampouco
por mais tosco
que tenha sido o soco
no imenso oco dentro dele

ele está só cansado
e assim deita e se deleita
na eterna preguiça
de encher linguiça
de levar a fama
e se jogar na cama
de trocar as armas
pela farra
pelas amarras
soltas
e garras revoltas
em noites de loucura
amor e vinho
ternura, flor e espinhos

esse meu corpo rouco
agora não grita, sussurra
pois já cansou do silêncio
que precede, excede
e pontua o esporro
não está surdo, tampouco
por mais tosco
que tenha sido o soco
no imenso oco dentro dele
ele agora ecoa, eco
não tem palavras próprias
e sussurra, urra
eco, apenas eco
só eco rouco do oco
desse imenso e louco oco corpo

(Mariana Valle)

Mariana Valle:
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