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FURACÃO KATRINA E O UMBRAL

Segundo a doutrina espírita, o umbral é a zona obscura onde o espírito desregrado permanece temporariamente até que lhe seja permitido uma nova encarnação, de modo que possa, sob o jugo da matéria, expiar a vida dissipada de outrora a fim de que continue caminhando para frente rumo a sua evolução. Para lá vão almas irresolutas que sofrem com a visão incessante de seus inúmeros erros por conta de atitudes não tomadas ou negligenciadas, deixando de cumprir certas missões intransferíveis. Por vezes, almas chorosas de terem partido demasiado cedo ou na hora que não convinha, negando-se a aceitar que morreram fisicamente, não suficientemente perversas para reparações mais dolorosas, nem tanto nobres para serem conduzidas a planos mais elevados.
O umbral é a sede dos espíritos de baixo desenvolvimento espiritual da terra. Mal comparando, o clima zumbi da maioria negra de Nova Orleans atingida pelo furacão Katrina, revelando uma África dentro dos Estados Unidos, que deliberadamente escondem desigualdade e discriminação. Graças ao deus Bush, branco e injusto, que privilegia a guerra no Iraque e envia soldados recrutados dentre a população abaixo da linha de pobreza, os mesmos que deveriam estar combatendo a fome, os saques, estupros e o desespero conseqüentes à inundação – obra e arte da Natureza que a tudo assiste.
Há quem não acredite em umbral. Os presidentes da República. Lula tem a mesma face da moeda de FHC até na compra de votos, o Congresso juntou as duas gestões para investigação na mesma CPI. Ambos deram continuidade ao modelo concentrador de renda que empurra o desempregado para o caminho do mal, ao entregar o ouro dos juros ao bandido. A diferença entre os dois máximos dirigentes é a enorme eficiência com que o governo FHC abafou toda e qualquer investigação que o prejudicasse. A ponto de motivar a quebra do silêncio de Dona Ruth Cardoso, que vinha desde o exercício de primeira-dama, para criticar o silêncio dos intelectuais:
– Os intelectuais, muitas vezes estereotipados, vivem na estratosfera.

Antonio Carlos Gaio:
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