Em 2013, foi preso Hans Lipschis, de 93 anos, guarda em Auschwitcz de 1941 a 1945 – campo de extermínio onde foram mortas 1,5 milhões de pessoas. O lituano de 93 anos fazia parte da SS, trabalhando como cozinheiro e guarda. Perdendo uma ótima oportunidade de se despedir da vida de forma digna. Ao manter-se incógnito a vida inteira, achando que não iam descobrir sua verdadeira identidade.
Não podemos nos deixar perder só porque estamos na reta final. Fase essa que por vezes se prolonga visto que não somos nós que decidimos a hora de partir. Quando dispomos de nosso livre-arbítrio e agimos sem eira nem beira, pensando que alcançamos um limiar de vida que nos dá direito de fazer o que bem entender.
Atravessando e prejudicando os mais próximos com o seu egocentrismo. Permanecendo sentado em cima do mistério que cerca sua trajetória, não permitindo abrir para que outros aproveitem sua experiência e não repitam seus erros. Escondendo o seu passado inglório e, portanto, passando uma imagem falsa do que tu és, posto que hoje esbanja honra e dignidade. Mentindo a respeito de particularidades que, se juntássemos os cacos, comporiam um mosaico seu altamente desalentador quanto à integridade vendida à sua plateia.
À opção pela hipocrisia contrapõe-se o grau de consciência que se acelera no Plano Espiritual, para onde todos nós vamos, inexoravelmente, quando deveríamos usar, justamente nessa etapa final, o nosso saber acumulado, fruto das experiências colhidas para sermos mais autênticos e encurtar a distância que nos separa do nosso eu verdadeiro. Facilitando o trânsito pela espiritualidade.
Não podemos nos furtar a cuidar bem de nossa saúde física e mental para darmos o melhor de nós em nossa evolução, senão transparecerá que estamos atrasando o passo de propósito para mitigar e enfraquecer nossa existência, tornando-a mais pobre em termos de recursos espirituais. Ou, então, ansiando por bater em retirada o quanto antes, dando como vencido seu prazo de validade. Perdendo o total interesse em se despedir da vida de forma digna. O que é um pecado, por desperdiçar tudo que investimos a partir do amor.