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NÃO ADIANTA APRENDER FICANDO AMARGO

A ideia não é aprender ficando amargo. É não deixar o livro chegar aos capítulos finais e aprender antes que você fique possuído pelo desgosto. O desgosto de não ter dado os passos certos. Sem a menor noção do que estava fazendo. Embora sua arrogância fosse notada por todos. E você lá percebia como todos a observavam? Se você só tinha olhos para o seu destino traçado em linha reta e contínua de modo a não permitir desvios de qualquer ordem em sua maneira de ser. Sem reparar como magoava as pessoas que privavam de sua intimidade. Que não lhe aguentaram mais, com ganas de tirar o seu sorriso do caminho para poderem passar com a sua dor, mesmo porque uns foram morrendo inesperadamente e outros indo embora, pura e simplesmente. 
Afinal de contas, espinho não existe para machucar a flor e o sol não foi feito para viver com a lua. Lua com tendência à depressão e a isolar-se da companhia dos que a procuravam, até restar sozinha, esquálida e fumando desbragadamente. Quando o melhor seria ter ido de um em um e reexaminar o que fez de errado. Mas o orgulho não permite, não é verdade?
Ter consciência do Plano Espiritual a ajudaria. Anteciparia com o que vai se defrontar para aprender ainda a tempo e consolar sua alma perdida. Necessitada de entrar em contato com outros valores que não cultuou em sua vida. A querer dizer que “nós todos podemos” nesse estágio em que todos nós podemos nos encontrar. Basta ser humilde e trilhar o caminho da concórdia e da reconciliação com um passado em que você foi implacável e intransigente. Curvar-se diante da realidade não é fácil. Mas é melhor admitir que errou e consertar suas consequências. 
Não sobreviva apenas. As dores da confissão aplacam os destemperos e desvarios que machucaram quantos se aproximaram de você que, à época, nem parecia real, possuída por um espírito obsessor que a transformou numa alma egoísta. Dispa-se dessas vestes que não assustam mais ninguém. Já basta o estrago causado em sua trajetória. Bata a poeira entranhada em suas juntas, tire o mofo, azeite os tendões que a porão de pé, soerguendo-a de sua falência, anule suas resistências e reconstrua-se. Não pense ser tardio – verá que o tempo lhe será favorável.
Antonio Carlos Gaio:
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