Que o Juiz Fux nunca foi flor que se cheire, já se sabia. Mas daí ao Juiz Fux inocentar Bolsonaro e sua quadrilha, apenas culpando, em escala microscópica, o Braga Netto e o Cid (já despidos das patentes), ultrapassou todas as expectativas. O juiz cego não enxergou organização criminosa, nem a trama dos atentados ao presidente Lula, ao vice Alkmin e a seu colega e inimigo juiz do Supremo, Alexandre de Moraes.
“Se fosse só isso”, atribuiríamos à vasta cabeleira postiça do Juiz Fux que, além de esconder sua gloriosa careca, dissimula suas verdades absolutas e pouco honradas sobre como o Direito deve ser aplicado.
O pedido para mudar de Turma (da Primeira para a Segunda) significa tumultuar o julgamento político mais importante da História do Brasil, que venceu ao julgamento da comunista Olga Benário, em 1936, no qual ela foi entregue a Hitler pelas mãos do presidente Getúlio Vargas; o julgamento do Mensalão em 2012; e a Operação Lava Jato, na qual o juiz Moro prendeu Lula sem provas para expurgá-lo da vida pública.
Entre as hipóteses para um gesto típico de final de novela, nele pesou o seu isolamento, senão desprezo dos outros juízes da Primeira Turma, enquanto o Juiz Fux votava para livrar Bolsonaro da cadeia e perdia de lavada no placar da votação.
Mas orgulho ferido é pouco. O fato é que o Juiz Fux aderiu ao golpe engendrado por Bolsonaro, setores significativos das Forças Armadas e golpistas oportunistas, ao pretender sabotar o julgamento de traidores da pátria. Na Segunda Turma, será o fiel da balança com o voto de Minerva, ao lado dos bolsonaristas Nunes Marques e André Mendonça, contra Gilmar Mendes e Toffoli. Seria o chefão, seguindo à risca os padrões mafiosos, para se contrapor ao “xerife” Xandão.
O Juiz Fux se alinhar com Bolsonaro significa atestar mentiras, falso testemunho, negar a Ciência e tirar proveito da máquina pública. Por isso, até foi coerente ter absolvido, na íntegra, os réus do chamado núcleo da desinformação sobre o golpe de Estado. A máquina de fake news da intentona fascista, recheada de coronel, tenente-coronel, major, capitão, tenente, todos do Exército.
Fake news são hoje famosas como manifestação viva de negar ou distorcer a realidade, travestindo-a com fetiches para confundir o eleitor desinformado e despreparado, que pensará tratar-se de liberdade de expressão.
O Juiz Fux não nasceu ontem. Em nenhum momento, esconde as reais intenções de seu voto de absolvição, embora não se saiba se aqui no Brasil ou nos Estados Unidos. Ao confessar arrependimento quando condenou os golpistas que depredaram as sedes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, inclusive a Casa em que o acolhe há anos, traiu a causa da Justiça e do equilíbrio e harmonia entre os poderes:
– Não é a imobilidade que sustenta a autoridade moral dos juízes, mas sim a capacidade de reparar erros e reconciliar a sociedade. O meu realinhamento não significou fragilidade de propósitos. O tempo e a consciência já não me permitiam sustentar na defesa do Estado de Direito – falou o Juiz Fux, como se fosse um político desses que andam por aí e dos quais sentimos vergonha de reconhecer que são nossos representantes.
Quer maior confissão que, Estado de Direito para o Juiz Fux, é ditadura, com Bolsonaro na cabeça e o político Fux com podres poderes para decidir acima de tudo?