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OS DENTES DE NOSSOS DEPUTADOS E SENADORES

Com a fortuna que recebem por mês, deputados e senadores tinham que cuidar muito mais de seus dentes, ainda mais agora que, com a crise política, uma atrás da outra, as câmeras de TVs se aproximam de cada parlamentar para colher suas impressões e aí não mais distinguimos sobre qual panorama é mais aterrador. Não que se exija clareamento, embora sejam os principais atores do teatro da política. Mas o que custa realinhar a arcada dentária, substituir o dente podre ou acavalado por um novo em folha, esconder pontes malfeitas, enfim, proporcionar a nós uma melhor aparência, se sai tudo de graça com seu plano de saúde pago pelo contribuinte, que cobre de ascendente a descendente a perder de vista. Há que sublinhar que, de sua boca suja, também saem impropérios, analfabetismo político, um reles linguajar, quando não empolado, em que os dentes só fazem piorar. Se os artistas e até jogadores de futebol procuram aprimorar sua dentadura, por que não a classe política? A falta de cuidado aumenta o nojo que sentimos da maior parte da classe, é isso que eles têm de compreender. Para não falar do mau hálito a julgar pelas sandices vomitadas em nosso rosto pela TV. Ou seria o mau cheiro que exala de seu posicionamento político ou ideologia distante da maioria da população, a que estão obrigados a atender e corresponder? Poder-se-ia avançar no todo da aparência, como na boca de caçapa do deputado piauiense Heráclito Fortes, no olhar esbugalhado de Aécio Neves a sinalizar que está ligado, no bigodinho do Hitler, no uso inescrupuloso da farda e nos óculos escuros, marca registrada da ditadura militar no Brasil, nos cabelos e na gravata de Trump, na degeneração como traço visível da decadência de líderes políticos que já tiveram seus melhores dias, mas nos restrinjamos aos dentes, que expõem os piores momentos de vossas excelências ao avançar no dinheiro público como se fosse um prato de comida, deixando prova significativa de seu assalto em suas bocas estragadas. Nem ao menos cuidando do asseio, tamanha a voracidade com que se entregam às suas negociatas, como se fossem miseráveis passando fome.

Antonio Carlos Gaio:
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