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POR QUE LULA NÃO CAI?

A crise na ética política não descasca a figura do presidente. O povo passa ao largo do fogo cruzado sobre os 40 mensaleiros indiciados que nos remetem a Ali Babá. Palocci foi relegado ao ostracismo pelo caseiro, mas o que importa é o Bolsa-Família, o aumento do salário mínimo, o preço menor da cesta básica e o cimento mais barato. A corrupção vista como um filho que não se corrige, mas isenta o pai da responsabilidade. Os intelectuais pensavam que Lula não andava sem Zé Dirceu e eis que Roberto Jefferson o extirpou e nada aconteceu.
Passeatas e impeachment, contudo, soam distantes. Quem iria para as ruas? ACM e seu neto, de mãos dadas com Cesar Maia e seu filho, ao lado de Garotinho? Bornhausen em fim de carreira? Daslu e Alckmin, uma dupla inseparável? Virgílio preocupado em se eleger governador do Amazonas? O Aécio, que não pensa em outra coisa senão nas eleições de 2010? A OAB, que não tem nada a declarar com a atuação cada vez mais política do Supremo? O general que mandou o avião voltar porque se esquecera dele? Diogo Mainardi abraçado a Hebe Camargo? Além de Lima Duarte, que outros atores? Heloísa Helena, com discurso de PSTU, irmanada a essa gente?
Não é uma luta de classes no sentido marxista que está se desenrolando na nossa realidade, mas é um cabo-de-guerra entre diplomados e menos instruídos no julgamento de Lula. O Brasil de finas propostas contra o Brasil acusado de votar no pior e mais enganador. Falam que direita e esquerda perderam identidade, mas letrados e a massa ignara não se cruzam. Haja vista que FHC aconselha Lula a ler mais para desenvolver seu pensamento e governar melhor o Brasil.
Surgem brancos bem-nutridos a apregoarem que Lula é a figura mais legível para a imensa população de ignorantes do país. Os escândalos foram didáticos para não se votar mais por espasmos demagógicos. Sofrem antecipadamente com um segundo mandato em que Lula exporá a plenitude de sua mediocridade no lugar de salvador da pátria, no curso da onda de boçalidade iniciada na Venezuela e que agora prossegue na Bolívia.
Esse grupo ideológico de punho de rendas se julga educado, elegante no pragmatismo, tolerante ao capitalismo inevitável, de uma sensatez realista: são lindos no seu bom senso. Enquanto julgam os pobres plenos de obviedades e que se contentam com as migalhas do Bolsa-Família, guiados pela luz santa de um operário no poder.
Um confronto entre a desconstrução de nossa frágil democracia pela quadrilha do Zé Dirceu, regredindo a um Brasil que nos corrói há séculos, e Lula, o descobridor do Brasil, ao assumir a paternidade de todas as benesses praticadas no país.

Antonio Carlos Gaio:
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