O Mal vencerá o Bem? Será que Kadhafi conseguirá massacrar os que ousaram desafiar mais uma versão da Lei Islâmica? Como se o Livro Verde de Kadhafi fosse um novo soft do Windows ou do Explorer e o caráter do Alcorão autorrenovável conforme o ditador ou o rei de plantão. Não existe diferença moral entre a Líbia e a Arábia Saudita, ainda mais se medida pelo critério de reservas petrolíferas que esbanjam. Ambos os países são literalmente desertos, e nas ideias professam o mesmo credo que esmaga quem pensa o contrário. A eles se associa o Irã, que fala grosso contra judeus, americanos e ingleses, e fala fino, quase inaudivelmente, quando assiste ao massacre de xiitas – o Irã é xiita – por sunitas no poder de Arábia Saudita, Bahrein e demais emirados. Quando os xiitas são em maior número e nem por isso deixam de ser oprimidos pelos sunitas. Quando o Irã de aiatolás xiitas também oprime a população que clama por maior democracia e liberdade, tal como Tunísia e Egito estão conseguindo. Como esperar uma reação ética à altura a ponto de impedir a escalada assassina de Kadhafi? Se todos estão comprometidos com a causa de só islâmico poder matar islâmico, senão vira guerra santa. Sendo o contrário judeu, americano, cruzado ou que diabo for, não tem autorização para matá-los. Embora no mesmo planeta, para eles o Japão dos terremotos, tsunamis e acidentes nucleares se encontra muito distante e não serve como paradigma de um dia a casa cai – engolidos pelas areias do deserto, como reza a lenda.