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A ANISTIA VALE PARA TORTURADORES

Dia chegará em que o próprio Supremo Tribunal Federal será julgado por se esconder na própria toga e se abstrair de escrever a história do Brasil, como bem o faz Argentina e Chile. Não se pode ter condescendência com torturadores, que são monstros, desnaturados e tarados. O torturador experimenta o mais intenso dos prazeres diante do maior sofrimento alheio. O torturador não é nenhum ideólogo nem comete crime de opinião. Torturas extensivas aos familiares dos presos políticos, estupros e desaparecimentos forçados são absolutamente incompatíveis como resposta à luta armada por convicção ideológica. A anistia pode ter sido o preço que se pagou para a redemocratização se iniciar, mas não punir os torturadores equivale a não separar o joio do trigo e a revelar falta de vontade política em purificar as Forças Armadas da mácula que se abate sobre o seu bom nome, já que não paira a menor dúvida de que a ditadura militar patrocinou o aparato da guerra de extermínio contra o punhado de comunistas que os peitavam e, em consequência, tirou muito maior proveito da Lei da Anistia que os exilados que voltaram da Europa. A Anistia significou esquecimento, desconsideração intencional e perdão a ofensas passadas, como também enterrou a tortura na mesma vala onde foram escondidos os esqueletos dos guerrilheiros do Araguaia – em boa companhia.

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Antonio Carlos Gaio:
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