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DESABAFOS DE UMA MULHER COM MEDO DE TER FILHO

Diálogo entre uma filha que vacila ante conceber um filho e tornar-se mãe e sua mãe que deseja ser avó e precisa de um netinho.
FILHA – Eu sou criacionista, mãe. Cada pessoa é criada no momento em que é concebida. Eu tenho que pensar antes, eu não quero abortar ninguém indesejado. Um filho é para o resto da vida.
MÃE – O amor pelo filho, minha filha, é incondicional. Vocês, com esse furor em serem livres, não querem assumir esse compromisso. São incapazes de amar dessa maneira. Para que tanta ênfase na liberdade, se são tão rígidas?
FILHA – Com filho, não tem opção de voltar atrás, de se arrepender ou mandar o filho passear. Ninguém diz para a grávida e prenha de amor como irá ser o seu futuro como mãe.
MÃE – Ah, a mãe que não aceita gravidez, presa por nove meses àquele rebento, não quer se tornar escrava da criação e formação de seu filho.
FILHA – Ao contrário, o medo pode advir justamente de canalizar todo o afeto e energia para o filho, concentrando-se nele e se esquecendo do marido, dos pais e de quem quer que seja.
MÃE – A mãe que não quer perder o centro das atenções para o filho.
FILHA – A mãe que não quer amar desmesuradamente seu filho e afastar-se de seus objetivos em ser feliz como mulher.
MÃE – A mãe que não quer perder sua própria individualidade e a liberdade de ir para onde quiser.
FILHA – É claro, se a mãe abrir mão de tudo, corre o risco de secar para um novo amor e se tornar assexuada.
MÃE – A mãe que quer ser dona de si mesma.
FILHA – Não quero existir apenas para construir uma família.
MÃE – A continuar assim, será difícil encontrar um pai para seu filho.

Antonio Carlos Gaio:
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