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O DRAMA DO HOMEM BONZINHO

O drama do homem bonzinho começa por não querer confrontar a mulher. Por não querer bater de frente com o sexo feminino. Querer ganhá-la pelo caráter, pelo cavalheirismo e pela capacidade de ouvi-la em todos os seus planos de vida. Cheio de dedos em lidar com mulheres em evolução constante, não importa em que rumo, confunde-as com ardilosas, que não deixam claro o que desejam, quando não incomoda o fato de elas gostarem e precisarem tanto do sexo quanto o homem.
O que inibe e faz até broxar.
É mais cômodo e seguro a mulher que tem medo de se separar do seu homem, por ser dependente de seu amor. Mas ele é o antípoda do homem que toma iniciativa sexual e transforma sua conquista em presa. Porque ataca na defensiva. Sente-se ofuscado pelo brilho e independência das mulheres, que podem abandoná-lo na hora que bem entenderem.
A partir do momento em que elas deixaram de depender do dinheiro deles, romperam com a exclusividade de ceder os direitos de exploração de seu território. O homem bonzinho não pode escapar à noite fantasmagórica de um dia vir a perder a mulher para outro colega que, em sua cabeça, é melhor do que ele. Ou assistir, na primeira fila, ao pesadelo de a mulher transar com uma fieira de homens, como eles sempre fizeram na maior tranquilidade.
O homem bonzinho é um grande mistério, por bem manter o segredo do conjunto de suas deficiências e fraquezas, apesar de reclamar que não consegue entender as mulheres. Para justificar sua eterna perplexidade que o paralisa.
O homem bonzinho cultua uma baixa autoestima que, ao longo do tempo, com a constância de não exercitar o lançar-se e arriscar-se, por temer avançar no breu de sua existência, torna-o limitado.
Assim como as mulheres gostam de se cercar de gays, o homem bonzinho também é uma referência segura, por não ameaçar. Além delas se servirem do homem bonzinho como escada para alcançar os seus amigos que, sabedores do estado lamentável a que o homem bonzinho chegou, sentem compaixão, mas não aliviam. O banquete os espera.
O homem bonzinho é homofóbico e detesta o Carnaval, onde todos os gatos são pardos.
Enquanto o homem bonzinho espera da mulher dignidade, ela corresponde deixando-o sozinho, entregue à própria sorte. Em vista de o homem bonzinho só conseguir se apaixonar por mulheres que buscam homens espertos e malandros na arte do amor.

Antonio Carlos Gaio:
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