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“O SABOR DA VIDA”

Um filme do diretor vietnamita Tran Anh Hung – aos 12 anos, fugiu do comunismo com a família para a França. Um hino à arte culinária desde “Comilança” (1973) e “Festa de Babette” (1987), que enfatizavam mais a gula. Ambientado na década de 1880, o filme – que rendeu a Tran o prêmio de melhor diretor no Festival de Cannes de 2023 – é sobre a relação entre a cozinheira (Juliette Binoche) e seu empregador e amante gourmet (Benoît Magimel). Os prazeres do filme não nos remete somente a dar água na boca com os pratos que eram preparados à nossa frente, mas no manuseio de carnes, peixes, legumes, hortaliças, doces, sem contar a degustação de vinhos. Em longas sequências, vemos Binoche e Magimel preparando iguarias com cortes meticulosos, elaboração de complexos molhos e a intensa utilização da parafernália usada na cozinha do século XIX. Em segundo plano, o amor só ganha expressão quando o diretor se lembrou que não vivemos só para desfrutar do prazer de comer bem. “O sabor da vida” parece essencialmente francês, mas foi realizado por um vietnamita, pois Tran queria fazer um filme sobre o significado da comida no país para onde migrou, sobre a cultura alimentar francesa, atraído pelo refinamento próprio de sua cultura, especialmente para comer. Diz ele “Na França, uma refeição é onde as pessoas se reúnem e falam, não só sobre comida, mas também sobre cultura”. Contudo, “O sabor da vida” concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro pela França, e nem foi selecionado dentre os cinco finalistas, sendo derrotado pelo seu concorrente, “Anatomia de um queda”, que saiu como o filme mais prestigiado da cerimônia de premiações.

Antonio Carlos Gaio:
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