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“BLUE JASMINE” E A EFERVESCÊNCIA CULTURAL

Blue Jasmine

O Rio de Janeiro ferve em matéria de cultura. Na tradição dos musicais sobre as grandes figuras da música brasileira, falecidas precocemente, depois de “Cazuza”, estreou o excepcional espetáculo “Elis Regina”, muito menos pela biografia autorizada pelos seus filhos de cabeça aberta, e muito mais pelas músicas que a celebrizaram através de Laila Garin no papel daquela que não tinha papas na língua. As representações em torno de “Clara Nunes” e “Clementina de Jesus” também ressaltam o aspecto nostálgico de que “naquele tempo, é que se fazia música de verdade”, dando vontade de ingressar na máquina do tempo, se não fosse a Cidade das Artes, concebida pelo arquiteto francês Christian de Portzamparc, efetivamente colocada em funcionamento em 2013 e ainda deixando a desejar em matéria de organização, mas um belo projeto localizado no seio da Barra da Tijuca, de onde se tem uma bela visão panorâmica da região, inclusive abrangendo as praias. Para coroar, algo muito maior do que divertimento lotando os cinemas: Woody Allen. Em seu novo filme, “Blue Jasmine” supera “Match Point” e “Meia-Noite em Paris”, se focado na construção dramatúrgica da personagem vivida por Cate Blanchett (merecedora de Oscar). Gozar de uma bela situação com um certo glamour, mais do que o dinheiro em si, é o que lhe interessava. Tinha que ser bancada pois mal conseguia se suster. Se impunha por sua bela e sofisticada figura, sempre elegante e bem vestida, fazendo o gênero de mulher fina que muitos homens cultuam para conferir um certo status à sua aparência. Muito embora não desse conta de sua vida, se não tivesse um homem por trás dela. Armadora amadora que bem podia ser tachada de pilantra e feliz até o fim dos dias, se o script prosseguisse conforme pensava. Caso contrário, fraca de cabeça e destrambelhada, pirava de dar pena. Essa mulher que Woody genialmente (redundância) retrata, existiu aqui e ali no passado mas persiste em nosso cotidiano. Nunca se apaixonaria por ninguém de verdade, o triste. De encher os olhos, é o Woody Allen torná-la visível aos nosso olhos e descobri-la entre nós – não são poucas.

Antonio Carlos Gaio:
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