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CAPÍTULO 48 – QUAL É A IMAGEM QUE O JULGAMENTO DO MENSALÃO DEIXARÁ PARA A POSTERIDADE?

O Brasil tomou jeito em decorrência da punição dos que foram considerados culpados e condenados ir ao encontro da expectativa da sociedade brasileira? Terá reflexos na recuperação da credibilidade na Justiça e no fim da impunidade? Restabeleceu de alguma forma a confiança dos brasileiros nas instituições, segundo Aécio Neves? Propiciará um aspecto salutar por registrar nos autos como se faz política no Brasil? O Supremo Tribunal Federal, com sua atuação ao não aceitar mais protelações, conseguirá marcar seu brasão de órgão célere e que faz justiça com j maiúsculo, nos processos daqui pra diante? Ou… ou… ou pode ser que esse julgamento deixe mais traumas e sequelas na Justiça do que uma referência pedagógica? Como a pérola do garboso ministro Fux de que cabe ao réu provar que não é culpado porque, se não o fizer, perdeu! Ou a inteligência pura da ministra Rosa Weber, admitindo que condenara José Dirceu, mesmo sem provas – in dubio, pró réu na cadeia. E quando o Supremo achincalhou as regras mais elementares do Direito ao inventar a teoria do domínio do fato para poder condenar o chefe da quadrilha? E ao fazer coincidir o julgamento transmitido pela TV com as eleições municipais, em concomitância com a postergação, fatiamento e mitigação do julgamento do mensalão tucano, mais antigo e menos complexo, quando, em 1997, Marcos Valério iniciava sua escalada de espertezas? O desejo de condenar era maior do que as provas colhidas? O desejo de se vingar do PT era maior por ter se apoderado do Brasil, vencendo eleições até em São Paulo? Maior mesmo do que o clamor legítimo em combater a impunidade, extinguir o caixa 2, ao menos nas eleições, e partir para uma reforma política que torne mais limpa a escolha de nossos representantes em Brasília.
Antonio Carlos Gaio:

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