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DUELO DAS CERTEZAS

Uma certeza esbarrou na outra
e as duas cegas convictas
começaram a duelar entre si.

Foi um pega pra capá!
Eu só sei que ali
ninguém enxergava,
mas sabiam agredir.

Facada pra lá,
bomba, tiro, correria.
Elas não enxergavam,
mas tinham certeza que viam.

Até que chegou um dia
e veio a Temperança,
também queria entrar na dança,
mas não sabia brigar.
Queria fazer tudo aquilo parar.

Então foi lá e começou a cantar
uma canção de amor.
As duas certezas pararam pra olhar
e não conseguiam mais brigar,
ficaram lado a lado
a ouvir a maluca
que falava de amor.

E não é que a maluca
levou um tiro na nuca
porque estava cantando?
Não podia atrapalhar!
As certezas estavam brigando
e ela falando de amor?

Até hoje não se sabe
de onde veio o tiro certeiro,
se foi da certeza de um lado
ou da certeza do outro,
porque veja só que louco,
as duas atiraram na maluca,
mas não sabemos quem acertou a nuca.

Então as duas certezas foram presas,
uma em cada cela.
Enquanto uma gritava de um lado,
a outra berrava com ela.
E foi assim até o fim,
na vida das certezas presas.

Já a maluca se recuperou
e continua cantando
sem nenhuma certeza.
Fato é que ela vive amando
e é maluca beleza.

Categories: Colaboradores Tudo
Mariana Valle:
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