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FILMES EXCELENTES QUE DEIXARAM DE SER INDICADOS PARA O OSCAR

A CRÍTICA DA CRÍTICA

Clint Eastwood, de 88 anos, valoriza mais um filme de sua brilhante carreira como realizador e ator em “A mula”, no qual alterna, por um lado, uma família que o rejeita por sempre ter faltado com suas obrigações e , por outro, um criador de flores para transportar droga, se saindo muito bem. Talvez não tenha constado da lista dos candidatos por ser hors concours. O diretor iraniano Asghar Farhadi (“À procura de Elly”, “Separação”, “O apartamento”) comprova seu enorme talento no cinema espanhol em “Todos já sabem”, dirigindo Javier Bardem, Penélope Cruz e Ricardo Darín numa trama merecedora de indicação para o Oscar, pois a cada tête-à-tête entre dois ou três personagens, seja em privado e algumas vezes em grupo, a história vai se desenrolando e o público tomando conhecimento dos segredos da intimidade de uma família e o seu entorno, desagregando-a com a verdade aflorada – tese essa possível de ocorrer em qualquer família. “No portal da eternidade”, o ator Willem Dafoe foi indicado para melhor ator, mas desprezada a direção de Julian Schnabel (“Basquiat”, “O escafandro e a borboleta”), o escritor da história junto com o renomado Jean-Claude Carrière e Louise Kugelberg. Os três se valeram de trechos de cartas para construir uma narrativa livre do muito que já se contou e documentou quanto à depressão, sofrimento e amargura de Van Gogh, em nome de sua arte que viria a assombrar o mundo depois de morrer. O pintor pós-impressionista holandês teria sido vítima de assassinato como consequência da incompreensão, perseguição, até internado em hospício, repúdio à inovação de sua arte, de suas cores e luzes julgadas esquisitas senão feias, até mesmo por parte de seus próprios pares, que não viam nada de mais em sua Natureza retratada em inúmeros quadros. Sustentado por seu irmão marchand, um dos únicos a enxergar sua genialidade, e que, por profundo desgosto, se suicidou logo depois do assassinato de Van Gogh. A arte é reveladora das mesquinharias, da vulgaridade e da inveja que grassa no mundo.

Antonio Carlos Gaio:
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