O que é pior? Restar corrupto do mensalão solto, ainda pego na alfândega com dinheiro na cueca? Desembargador capixaba, chefe de uma quadrilha composta por sua própria família, roubando seu próprio país? O júri inocentar o cabo William, que confunde no Rio carro de bandidos com o de cidadãos honrados, atirando primeiro, para verificar o estrago depois? Pior é desviar donativos destinados aos atingidos pelas chuvas de Santa Catarina. Por voluntários e soldados do Exército, seja comida, pares de tênis, botas, sutiãs e até fraldas geriátricas, abarrotando mochilas, em meio a sorrisos que evidenciam esperteza e deboche da desgraça que ceifou vidas, e que de nada serviu para apascentar o espírito de bestas que se sustentam da miséria humana. Quanto mais se afunda na transgressão, o delito, que parece pequeno à primeira vista, cresce desproporcional e descontroladamente, não adiantando tentar fingir que desconhecia a dimensão da trapaça. Na cultura em que somos criados, testam-nos, a todo o momento, se temos culpa no cartório pelo que, irremediavelmente, viermos a fazer.