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NÃO PARE DE NADAR

A natação é a última forma de privação sensorial, onde não se pode ouvir música enquanto se nada ou conversar para se distrair, de forma a se cansar menos ou nem sentir dores decorrentes do esforço. Não existe pôr do sol maravilhoso se nada com a cara enfiada dentro d’água. Por que passar por essa agonia? Para curar o mal-estar que decorre da falta de energia e de ambição. Há que assumir o compromisso, sobretudo. Não pensar em arrependimento. Ou no que irá fazer o resto da vida se parar de nadar. Se fosse medir pelos padrões dos pais, seria considerado velho e relativamente incapaz. Se o ar se torna sombrio e turva sua visão, a água no rosto vai limpando as condições mentais desde que consiga ir até o fim. Não pare de nadar, portanto.

Categories: Croniquetas
Antonio Carlos Gaio:
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