Disponível no Globoplay. Produção do filme a cargo de Paula Lavigne, dirigido por Renato Terra e Renato Calil, em torno da prisão de Caetano Veloso na sequência ao AI-5. Acusação: subverter o maravilhoso mundo a ser construído pela ditadura militar, no momento em que Caetano Veloso cantou o Hino Nacional em ritmo de tropicália. A cena mais emocionante é quando Caetano Veloso folheia um exemplar da revista Manchete estampando fotos da Terra, tiradas pela primeira missão lunar, lembrando-se de tê-la lido durante sua prisão, em 1969. Caetano interrompe a filmagem, ao tremer e não conseguir dizer mais nada, voltando para cantar “Hey Jude”. O seu depoimento pungente sobre os dois meses de prisão, antes de partir para o exílio na Europa, foi o de um senhor artista e ser humano que descreve os seus cárceres, o medo de morrer, a tortura psicológica na solitária, a humilhação sendo espiado de fora da jaula como se fosse um animal raro, o comportamento execrável dos militares como se fossem senhores do destino de qualquer brasileiro. As perguntas do interrogatório oficial seriam ridículas, se não fossem trágicas, próprias do pensamento quadrúpede predominante em uma ditadura. Caetano Veloso chegou ao ápice. Mais um que acumula em sua carreira.