Se o projeto Ficha Limpa não impedir o acesso de Maluf ao meio político, sujou na saída. Se a lei não puder retroagir para beneficiar o maior interessado que é o povo, a fim de não prejudicar os direitos de quem rouba costumeiramente, é sinal de que os legisladores fizeram corpo mole para enquadrar os candidatos já condenados e desprezaram a voz do povo, que trouxe o projeto na bandeja. Se nos ativermos à discussão semântica entre os que tenham sido condenados e os que forem condenados, sofremos do vício insanável de não saber cortar a cabeça de quem nos trai no Congresso. Se o ministro Lewandowski, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, não levantar a cabeça dos autos e observar o impasse em que o eleitorado se encontra para escolher os melhores candidatos, em função de seus antecedentes, apegado aos cuidados com a violação do princípio de presunção de inocência, não descobrirá que o Ficha Limpa não condena os fichas sujas; apenas os inabilita a concorrer.