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“O QUARTO DE JACK”

O Quarto De Jack

Não parecia, mas é o melhor filme dos oscarizáveis, descartando desde já os que Hollywood mais gosta (“Mad Max” e “Perdido em Marte”). Não somente por inspirar-se no monstro austríaco Josef Fritzl, que estuprou sua própria filha no porão de sua casa por duas décadas. Dessa vez é um psicopata que sequestra uma jovem de 17 anos e a mantém em cárcere privado por anos a fio, engravidando-a na sequência de estupros. Mas nada disso é mostrado. A visão do filme de Lenny Abrahamson é a do garoto, já com 5 anos e fisionomia de menina por não cortar o cabelo, que nasceu no espaço restrito sem noção do mundo lá fora e de estar sendo privado da liberdade e do convívio com outras pessoas, dormindo no armário na hora dos abusos sexuais. Muito embora sua mãe heroicamente tivesse implementado um clima de normalidade. A escritora irlandesa Emma Donoghue, autora do best-seller “Quarto”, foi quem adaptou o roteiro e o dividiu em dois mundos. No segundo ato, o garoto, livre do encarceramento, passou a conhecer a Natureza e a natureza das pessoas através de sua família, entrando em contato com a realidade do mundo. Perguntou para a mãe se estavam em outro planeta. Mas ela também estava inadaptada perante seus pais, tendo sido mulher de um psicopata. Dá vontade de se manter afastada desse mundo hostil, de ficar livre da pressão da sociedade ou partir para bem longe. E nunca mais voltar. Culminando com um final que jamais pensaríamos.

Antonio Carlos Gaio:
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