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“O QUE TRAZ BOAS NOVAS”

Enquanto José Wilker se leva a sério com seu filme “Giovanni Improtta”, a produção cinematográfica francesa estoura a boca do balão até com filmes leves, engraçados e especialmente românticos, como “A Datilógrafa”, e o cinema argentino encanta até com filmes despojados e singelos como “Amorosa Soledad”. Enquanto o ator e diretor Wilker, que se considera tão bem dotado intelectualmente, se satisfaz com um recurso televisivo levado às telonas, o diretor e roteirista Philippe Falardeau consegue extrair de um monólogo teatral o filme (canadense) “O que traz boas novas”, que aborda o universo de uma escola de ensino médio de Montreal perante o suicídio de uma professora na própria sala de aula, pondo em xeque o modelo de civilidade de Quebec. E a sua substituição por um professor argelino não convencional, que faz com que os alunos se abram e falem sobre o suicídio, quando a orientação na escola era para se calar a respeito – extremamente valorizado pelo excepcional talento de atores mirins. Ensinar e educar não parecem pertencer à mesma família. Através do estrangeiro, pertencente a outra cultura, vamos nos apercebendo de que sempre há algo de errado, injusto, incomunicável, insensível em países que estão no topo do ranking do Índice de Desenvolvimento Humano.
Antonio Carlos Gaio:
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