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ONDE FOI QUE EU ERREI?

A mãe cria a filha à sua semelhança, embora negue a obra de arte. Especialmente nos trejeitos e na língua ferina que atira, sem pestanejar, contra comentários maliciosos que põem em dúvida a sua personalidade. A filha saiu igualzinha à mãe, reconhecimento unânime. A convivência tornou-as unha e carne e formaram um tipo, a necessitar que a criatura se desvinculasse do criador, ou vice-versa.  Senão se transformariam em inimigas. Duas pessoas não cabem no espaço de uma. O feitiço contra o feiticeiro, com a filha a negar a mãe conservadora, sem iniciativa para mudar seu destino. O perigo de contágio eriça os pêlos da filha. A mãe se irrita consigo mesma, por se ver refletida na filha. E não é uma imagem narcisista. Cuidado quando puxar a brasa para a sua sardinha.

Categories: Croniquetas
Antonio Carlos Gaio:
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