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“BORG VS MCENROE” VERSUS “NÃO EXISTE LAR SE NÃO HÁ PARA ONDE IR”

A CRÍTICA DA CRÍTICA

O ótimo filme de Janus Metz Pederson, produção da Dinamarca / Suécia / Finlândia, retrata um dos maiores embates de personalidades de todos os tempos do tênis, na final de Wimbledon em 1980, entre o invencível sueco Bjorn Borg, também chamado Iceborg, por ser muito frio em competições, e o americano McEnroe, estourado, boca suja, irritando a torcida e tentando desmoralizar o juiz como se fosse um mero jogador de futebol, completamente fora dos padrões que o estilo elitista do tênis exige. Tal como Borg havia sido em sua adolescência e que, a conselho do técnico, reprimiu inteiramente suas emoções para se tornar um vencedor num esporte eminentemente individualista, de modo a angariar glória graças à sua precisão e equilíbrio. O que está em jogo é não saber perder, não admitir a derrota, completamente o oposto do painel excepcional traçado pelo cineasta chinês Ai Weiwei em “Human Flow: Não existe lar se não há para onde ir”, sobre refugiados no mundo inteiro, não apenas a população árabe fugindo de guerras na Síria, Afeganistão, Iraque e das investidas do Estado Islâmico, nem tampouco dos africanos correndo dos conflitos na Eritreia, Somália, Sudão e Quênia – rumo à Alemanha e Reino Unido. Refugiados considerados perdedores sem ter para onde ir, buscando proteção em outras plagas contra uma chuva de mísseis despejados sobre suas cabeças, quando faz parte dos direitos humanos almejar melhor educação, saúde, segurança e emprego para se alcançar um justo bem-estar. Quando assim não seja, o continente americano, aí incluído os EUA, foi substancialmente povoado por refugiados que trataram de sobreviver a guerras religiosas ou perseguições de todo o gênero na Europa. O mundo, tal como o conhecemos, surgiu de uma evasão de africanos negros para outros territórios, os chamados continentes, em busca de melhores condições climáticas e de matar a fome e a sede. O próprio Weiwei foi obrigado a se refugiar (se asilar) na Alemanha por não mais poder transitar ou sequer ingressar na China, onde nasceu. Por suas ideias subversivas típicas de um refugiado.

Antonio Carlos Gaio:
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