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“MÃE SÓ HÁ UMA”

Mãe Só Há Uma

Anna Muylaert é a melhor cineasta brasileira dos últimos dez anos, ao lado de Kleber Mendonça Filho de “Som ao Redor”, com o seu originalíssimo “Durval Discos” (2002), com a excelente Glória Pires valorizando mais ainda “É proibido fumar” (2009) e com o melhor filme brasileiro de 2015, “Que horas ela volta?”. Embora o filme seja sobre filho roubado em maternidade, revoltando o público quando evidencia um tempo que não pode ser recuperado e cuja formação os pais biológicos não puderam dar, o que causa espanto é o filme revelar um adolescente transgênero – homens ou mulheres que não se identificam com comportamentos ou papéis esperados do sexo biológico, determinado no seu nascimento, combinando ou alternando as duas identidades de gênero. A maior parte da sociedade não entende isso, só os jovens. O desempenho excepcional do ator Naomi Nero expõe às vísceras a desestabilização decorrente da sexualidade ambígua, diante da necessidade de aproximar o próprio corpo da imagem feminina. O que o afastou de seus pais verdadeiros, com o grito de rebeldia de um adolescente que quer ser quem ele é, por mais estranho que pareça.

Antonio Carlos Gaio:
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