Devido ao seu frágil estado de saúde e ao adiantado da idade, temia-se que Nelson Mandela morresse de emoção na festa de abertura da Copa do Mundo, em vista de haver avalizado moralmente a realização do Mundial na África do Sul. Resolveu se poupar e, em seu lugar, foi sua bisneta Zenani, de 13 anos, vitimada num acidente de carro na saída do show de abertura. Não merecia uma tragédia dessas se abater sobre a sua família, logo quando seu país sediava a primeira Copa do Mundo em solo africano. Em se tratando da hora do destino final, somos regidos por leis que desconhecemos por completo e sobre as quais não temos a menor influência, até para nos demonstrar qual o nosso tamanho, quais são os nossos limites e até onde podemos ir. Não somos nós que julgamos quem merece ou não faz jus a infortúnios. Nem mesmo Mandela, que redimiu o negro da escravidão e dos maus-tratos. Os desígnios de Deus se explicam perfeitamente ao longo da evolução espiritual. A nossa precipitação diante de perguntas que não querem calar é que angustia e dificulta a aceitação daquilo que não conseguimos entender: o sofrimento de Mandela em meio à euforia do povo sul-africano.