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O EXEMPLO MAIOR DOS SEM RUMO

Uma das portas abertas para Marilyn Monroe se tornar famosa foi ter posado nua para um calendário por 50 dólares, em 1949, usados para pagar a prestação de um carro. Fotos posteriormente revendidas por 500 dólares para um jornalista com planos de lançar uma revista com mulheres nuas a rodo em convivência íntima com uma entrevista impactante e de relevo para a atualidade, a ponto de deixar em dúvida qual conteúdo o leitor era levado a consumir na revista Playboy, de Hugh Heffner.
A venda de 53 mil exemplares obrigou Marilyn a solicitar uma coletiva da imprensa para se desculpar, pois as fotos poderiam destruir a sua carreira. Por sua vez, Hugh se tornou milionário ao explorar o corpo feminino, no alvorecer de um mundo pós-2ª Guerra Mundial se abrindo para uma crescente sexualidade plena e o fim do moralismo crônico.
Pelo resto da vida, Marilyn Monroe evitou cruzar com Hugh Heffner. Circunscrita ao estereótipo de loura burra, Marilyn almejava conseguir papéis sérios no cinema. Chegou até a se casar com Arthur Miller, autor de “A morte de um caixeiro-viajante”, “O panorama visto da ponte” e “As bruxas de Salém”. Uma mãe esquizofrênica a obrigara a ser internada num orfanato durante sua infância. Já famosa, medicava-se para dormir e acordar. Quando morreu, as manchetes dos jornais fizeram questão de ressaltar que ela estava nua. Insinuando que o presidente John Kennedy ou seu irmão Robert Kennedy, seu secretário de Justiça, ambos seus amantes, teriam passado por lá pela última vez.
Morta por overdose de barbitúricos em provável suicídio, ela não foi sepultada. Seus restos mortais jazem numa gavetinha de um pequeno cemitério com gente por cima, por baixo e pelo lado, com uma placa simplíssima: Marilyn Monroe – 1926-1962. Se ela foi explorada em vida, continuou a ser explorada após a morte.
Hugh Heffner comprou o jazigo ao lado de Marilyn Monroe com o intuito de “passarem juntos à eternidade”, quando ele morresse. Acontece que, somente em 2017, 55 anos depois de Marilyn ter desencarnado, ele estaria apto a embarcar nessa suposta viagem de fantasia hollywoodiana, ainda que surdo de tanto tomar Viagra – retrato de sua trajetória extremamente pobre de espírito. De nada adiantou o sucesso da Playboy ter marcado época por um bom tempo e no mundo inteiro, Heffner partiu completamente desenganado em espírito, tamanho o nível de baixeza alcançado, para, lá chegando, tomar um banho de realidade.
Marilyn Monroe também se equivocou ao morrer sozinha na única casa que comprou, quando mandou inscrever na entrada: “Minha jornada termina aqui”. Não soube enxergar além. Ao marcar época como uma das mulheres mais desejadas do mundo, esse poder tomou conta de sua encarnação, iludindo-a, senão encantando-a. Quando se deixou explorar, perdeu o rumo.
O maior símbolo sexual do século XX fazia caras e bocas, gemia quando interpretava, esbanjava um poder de atrair qualquer homem, fosse ele conquistador ou tímido, cheia de disposição sem medir meios, capaz de virar a cabeça de qualquer possuído pelo desatino, tendo os Kennedy como paradigma, e ensejando às mulheres somente admirá-la à distância, pois perigoso o contágio.
Com tamanho grau de atratividade e poder de influência, permeando o globo terrestre com sua fama e prestígio, ambos desperdiçaram suas existências calcados no extremo valor dado ao físico e ao aspecto enganador das coisas no que tem de mais fútil e superficial, o que obrigou Marilyn Monroe a procurar tratamento psiquiátrico para tratar de sua toxicodependência e de sucessivas depressões.
Como é fácil desperdiçar sua vida deixando-se levar por tudo que cai em sua mão e não aprende a distinguir! Queimando-se! Quando custa a se aperceber da missão a que tem que dar conta, julgando que estamos aqui somente para nos divertir e sentir prazer, acumulando fortunas. Até nós despertarmos e, num primeiro impulso, pretender fugir para um lugar seguro. Mas não há alternativa. Se os outros já estão andando em todas as direções é porque têm o que fazer. Como descobrir o que deve ser feito? Essa é a questão. Com uma luta intensa, alguns logo desistem, sentem-se sem forças, não darão conta de si. Outros se põem a caminho e começam a acumular desacertos e desditas. Outros vão conseguindo empurrar o pedregulho até o cimo da montanha. Será que chegarei lá em cima para abraçar Deus? Ou precisarei de Sua mão para me puxar e resgatar o que falta para me compor? De alma limpa e serena para me livrar dos pesadelos que ainda nos açoitam, e não mais titubear diante do divisor de águas que se avizinha, para pôr-se em curso e descobrir a saída para o mar aberto, onde encontraremos novos horizontes, perspectivas e a terra prometida.

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Antonio Carlos Gaio
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