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ESCREVER É DIFERENTE DE FALAR?

A procuradora tucana Jane Ascari, do Ministério Público Federal, ainda não se refez do choque com o conteúdo do livro didático “Por uma vida melhor”, aprovado pelo Ministério de Educação, que defende o uso da linguagem popular e admite erros gramaticais grosseiros como “nós pega peixe”. Ascari reagiu como mãe em seu blog, acusando os responsáveis de crime contra os nossos jovens ao prestarem um desserviço à educação já deficientíssima no país e desperdiçando dinheiro público com material que emburrece em vez de instruir. A autora, a professora Heloísa Ramos, argumenta que as frases erradas tratam da linguagem oral e não da escrita, quando o modo de falar sujeito a regionalismos, por vezes, prevalece sobre a forma culta. O caráter inevitavelmente heterodoxo de qualquer língua viva falada no mundo transforma qualquer idioma de uso corrente. Quem irá peitar o interior paulista e mineiro para aprender a falar direito porta ao invés de “polta”? Contudo, a Academia Brasileira de Letras ressalta que os professores esperam que os livros respaldem o uso da língua padrão a qual os estudantes deverão conhecer e praticar no exercício da efetiva ascensão social que a escola lhes proporciona. O que serve de incentivo à elite impiedosa que menospreza a fala da população menos instruída, atribuindo o desdém pela norma culta do português a uma política de Estado, que explora as falhas na educação formal do presidente-operário como imperativo para subir na vida sem estudar, cuja consequência é manter a população na ignorância. Ninguém mencionou o estrago que “nós pega peixe” pode causar nos alunos copistas e nos analfabetos funcionais. E falta homem para encarar os gaúchos e ensiná-los a não dizer “tu vai”.

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Antonio Carlos Gaio
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